Jovem transsexual denuncia transfobia em alistamento militar.

A jovem transsexual Marianna Lively, de 17 anos, foi mais um vítima da transfobia em São Paulo. Após comparecer em uma base do Exército, para afins de alistamento militar, dados pessoais da jovem foram divulgados na internet e ela teria começado a receber ligações de pessoas estranhas com preconceito.

Documento divulgado na internet

"Esses desconhecidos que estavam ligando, caçoavam de mim por eu ser trans, já outros me diziam ter gostado de mim e queriam deixar telefone para eu entrar em contato. Mas até então eu não estava ciente de nada", comentou Marianna, cujo nome de registro é David. Ela conta que só ficou sabendo como essas ligações começaram após ser avisada que fotos dela estavam rodando no Facebook e em conversas de Whatsapp.

Marianna conta que no dia seguinte voltou ao local para denunciar o acontecimento, mas  que só recebeu um "pedido de desculpas" e que foi aconselhada pelo capitão da base a deixar às coisas se acalmarem e que o responsável seria punido. "O capitão pediu desculpas pelo transtorno, disse que a pessoa que havia feito o ato de infantilidade iria ser punido, mas ao mesmo tempo que ele me dizia isso, ele dizia que era para eu deixar as coisas se acalmarem e trocar simplesmente de telefone, como se fosse reparar o erro deles."

Sou Marianna (nome social) sou transgênera, tenho 17 anos. Fui me apresentar no quartel no dia 23/09/2015 como meu dever...

Posted by Marianna Lively on Domingo, 27 de setembro de 2015

Mesmo enfrentando burocracia, a jovem não deu o braço a torcer e vai buscar a Justiça para que esse não seja mais um caso de impunidade". Pelo o que o delegado me informou, eu teria de ir no batalhão de policia do exército abrir um boletim interno, para haver punição. Fazendo isso irei atrás dos meus direitos. Não deixarei passar batido, pois não quero que outras pessoas passem pelo mesmo, ou até pior. Irei segunda-feira no Batalhão de Policia do Exército e em seguida no Quartel General para resolver tudo isso", disse Marianna.

Com a repercussão, Marianna ganhou apoio de outras pessoas que se sensibilizaram com o ocorrido. Até o fim dessa matéria, sua publicação tinha quase 7.000 mil compartilhamentos e milhares de comentários de apoio. 

Em nota oficial emitida pelo Exército, a instituição repudiou o acontecimento e disse ter tomado "medidas administrativas".