NOTA POP: Em "Lobos", Jão abre seu diário pessoal e não decepciona em sua estreia
Jão lançou ontem (17) seu primeiro álbum de estúdio, "Lobos", após lançar a faixa "Vou Morrer Sozinho" como o primeiro single do cd. Com um pouco mais de 30 minutos e apenas 10 tracks, o jovem paulista repetiu a dose que usou em "Imaturo" e "Ressaca" e fala sobre suas experiências amorosas e de vida nesses poucos 23 anos de idade. Separei um tempo para ouvir o disco e tenho alguns considerações a fazer. Leia:
Capa de "Lobos", álbum de Jão. |
Quando Jão estourou no país no início desse ano com o sucesso "Imaturo", eu relutei pra não cair na graça da canção. Pensei que ele fosse só mais um rosto bonito querendo se promover em cima de uma suposta bissexualidade que lhe foi atribuída pela a história do clipe. Entretanto não deu certo, me vi viciado na música. Foi a partir daí que dei uma chance a ele e conheci "Ressaca" (minha preferida), "Dança pra Mim" e "Álcool", singles anteriores a seu maior hit. Mas eu queria mais. Passei a segui-lo em suas redes sociais e aguardei pacientemente até o lançamento para ouvir "Lobos" e ver o que estava na cabecinha desse compositor incrível.
Jão inicia o álbum com o primeiro single "Vou Morrer Sozinho", que inclusive rendeu memes devido o título desesperador. A canção fala de alguém que concluiu que irá partir dessa pra melhor sozinho pois não tem sorte no amor — realidade da pessoa que está escrevendo essa matéria. Ela tem um teor humorístico que fica mais evidente quando ele repete o título da música sucessivamente com uma voz bem grave, me fazendo lembrar alguma canção da Banda Uó devido o estilo brega e pop. Porém, é através dela que a gente percebe os sentimentos que Jão quer compartilhar com a gente em "Lobos": o medo, culpa, loucura, libertação, raiva, alegria, amor e o desespero. O menino está desesperado e quer compartilha isso! Nessa abertura tem tudo isso.
NOTA: 7
"Me Beija Com Raiva" é uma balada forte que tem tudo pra se tornar um dos grandes hits do cd. Jão abre a faixa confessando a culpa pelo possível término de um relacionamento. Sente medo de perder a pessoa amada e implora um último beijo antes do fim. Ela tem um toque sertanejo universitário, e apesar de casar perfeitamente com a voz do publicitário, parece ter saído do repertório algum cantor do gênero. Não sei se foi intenção, mas pelo menos pra eu abriu uma auto-interpretação: Será que Jão traiu? — fica a questão! Minha preferida sem dúvidas!
NOTA: 10
"Lindo Demais". Aqui João está eufórico e apaixonado. Tão apaixonado que abre a música com um palavrão! A música mescla estilos, ela é meio pop, um pouco rock e cai no eletrônico, permitindo ele se aventurar em gritos de "Porra, nosso amor é lindo mais" e elevá-la a um ápice bem legal. Divertida, jovem e diferente. Aposto que será uma das preferidas dos fãs.
NOTA: 6
A 4° faixa do disco já é a conhecida "Imaturo". Nela, Jão transparece nuances de uma juventude, confessa ser ingênuo, fraco e, como o próprio diz, imaturo. Todas características que se esperam de um adolescente apaixonado. A canção conquistou certificado de Ouro no país e é um dos seus principais hits. É a assinatura do artista. Se "Baby One More Time" está para Britney Spears, "Imaturo" está para Jão. Hit.
NOTA: 9
"Ainda Te Amo" conta mais um capítulo da problemática vida amorosa de Jão. Ele tenta esquecer que ainda sente sentimentos por alguém e recorre a situações que nós já ouvimos em "Ressaca", onde ele vai parar num bar para afogar as mágoas. Ele demonstra de novo seu lado vulnerável por culpa do amor. Confessa se envolver em brigas, ficar com pessoas por ficar, cometer atos ilícitos e admite a loucura. Essa vulnerabilidade também é percebida na interpretação enquanto uma melodia simples de violão acompanha as palavras que saem de sua boca. Grande balada.
NOTA: 8
"A Rua". Aqui ele clama por liberdade. Talvez seja a faixa mais diferente do disco. Ela tem um coro de matriz africana e batuques que flertam com uma percussão. Parece ser uma continuação da anterior, ele promete ficar bem aonde tenta esquecer seus problemas dizendo que a rua irá protegê-lo.
NOTA: 6
"Lobos". Na faixa que dá título ao álbum, concluo que de fato o cantor é um lobo. Natural de sua natureza, os lobos apenas se relacionam com semelhantes, apenas com lobos. Eles vivem em alcateias, não são animais domesticáveis e vivem suas próprias regras. Relacionando isso com o cantor, percebemos na canção que ele é inquieto e não aceita um comportamento padrão, ele prefere ter sua liberdade e viver sua juventude sendo autêntico.
NOTA: 6
"Eu Quero Se Como Você". Quando um relacionamento chega ao fim, as pessoas demostram diferentes comportamentos para seguir em frente.Aqui João confessa ser a parte mais fraca. Ele não consegue seguir em frente, ainda sente ciúmes e que fica se vitimizando. É uma canção confessional e que trás mais uma vez a combinação perfeita: voz e violão. Os vocais adicionais de Jão, a voz suave da backing vocal e o instrumental psicodélico nos colocam sob um clima acústico que não dá vontade de acabar. Gostosa de ouvir. Mais uma das minhas preferidas.
NOTA: 9
Quase acabando o disco, Jão nos apresenta um dueto com Diego Piçarra na canção "Aqui". Ela não é uma música inédita pois o artista já a cantava em seus shows e fez parte do EP "Primeiro Acústico". A única novidade é a participação do cantor português que soa um pouco desconexa devido o sotaque. A música segue a história que o álbum quer contar. É introspectiva e mostra que o relacionamento chegou ao fim depois de muitos altos e baixos. "Quem diria que a gente chegaria aqui?", canta Jão nos refrão.
NOTA: 5
Chegamos ao fim de "Lobos" e para finalizar Jão nos presenteia com a emotiva e confessional "Monstros". Orquestrada ao som de um piano, ele rasga todo o diário que lemos até aqui e procura se desfazer das lembranças e dos sentimentos ruins do passado. É daquelas faixas que nos fazem se identificar com as confissões do interprete. “Me sinto só desde criança, mesmo com gente a meu redor”, "Sempre me acharam louco por querer ser mais um pouco" e "Vou mostrar todas as coisas que vocês não deram valor" são trechos que se encaixam muito bem na minha vida e que ao ouvir pela primeira vez, me fizeram derramar algumas lágrimas... Ele ainda cita a volta por cima que deu nas pessoas que não acreditaram nele — ele é de Araraquara, interior de São Paulo. Achei muito fofo. Com certeza uma das melhores.
NOTA: 10
Com 23 anos de idade e com muito talento, Jão — como prefere ser chamado João Vitor — conquistou um reconhecendo musical satisfatório em muito pouco tempo e demonstra que merece isso e muito mais através do seu primeiro álbum, "Lobos".
Jão tem uma identidade musical muito forte que é totalmente perceptível em suas composições. Ele tem um jeito próprio de cantar e uma sutileza em encontrar palavras para descrever o que está sentido, características que o torna um grande compositor e interprete pra sua geração. Ele transparece a juventude, se tornando um dos aspectos favoráveis para a identificação do público.
"Lobos", é um bom álbum e um ótimo começo para se aprofundar na obra do artista. Entretanto, Jão precisa dosar o excesso de sentimentos juvenis para não se tornar um músico de um repertório previsível. Em algumas faixas, ele repete a mesma fórmula de exagerado, apenas usando outras palavras pra distinguir seus sentimentos. Deu vontade de ficar ouvindo umas 5 músicas e esquecer o resto, mas mesmo assim de querer compartilhá-lo com algum amigo e enaltecer esse menino que tem tudo pra crescer e criar mais hinos pop porque o Brasil precisa. Sucesso, Jão!
MÉDIA DA NOTA: 7,6
Essa foi minha opinião sobre o álbum de estreia do Jão. Agora me diz qual foi a de vocês nos comentários!
NOTA POP: Em "Lobos", Jão abre seu diário pessoal e não decepciona em sua estreia
Reviewed by Felipe de Caldas
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sábado, agosto 18, 2018
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